Secretário-geral da ONU alerta que a guerra na Ucrânia está a agravar uma "crise tripla" em toda a África, que afeta a alimentação, as finanças e a energia. No Senegal, António Guterres reuniu-se com o PR Macky Sall.
Falando este domingo (01.05) durante uma visita ao Senegal, a sua primeira viagem a África desde o início da pandemia da Covid-19, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que era "impossível" não abordar a guerra na Ucrânia ao falar da situação socioeconómica no continente africano.
"Esta guerra agrava uma crise tripla: alimentar, energética e financeira, para a região e não só", disse Guterres durante uma conferência de imprensa ao lado do Presidente do Senegal, Macky Sall - que presidente atualmente a União Africana (UA).
Macky Sall disse que África defende o diálogo entre a Rússia e Ucrânia para pôr fim à guerra e reduzir o seu impacto a nível mundial.
"Acreditamos que a diminuição da escalda [do conflito] é necessária no teatro ucraniano, e em qualquer caso a África, no que lhe diz respeito, trabalhará nesta perspetiva. Uma perspetiva de paz e de dar prioridade ao diálogo para que os russos e os ucranianos possam encontrar uma saída, envolvendo, naturalmente, todas as outras partes neste conflito", assegurou o líder da UA.
A Rússia e a Ucrânia produzem um terço do abastecimento mundial de trigo e a perda de mercadorias devido à guerra resultou num aumento dos preços dos alimentos e na incerteza sobre o futuro da segurança alimentar a nível mundial, especialmente nos países empobrecidos.
Os custos dos fertilizantes e do gás natural explodiram e os líderes manifestaram a sua preocupação de que os países pudessem restringir o comércio para proteger as suas populações, prejudicando indiretamente os países mais vulneráveis que enfrentam problemas alimentares ainda piores.
Guterres apelou ao "fluxo constante de alimentos e de energia em mercados abertos" e à remoção de "todas as restrições desnecessárias" às exportações.
Também salientou que não haveria "nenhuma solução real" para o problema da segurança alimentar mundial sem a reintegração da produção agrícola da Ucrânia e dos alimentos e fertilizantes produzidos na Rússia e na Bielorrússia de volta aos mercados.
02-05-2022
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